Introdução – Deus da guerra, emoção e redenção
Durante muito tempo, Kratos foi conhecido apenas por sua fúria incontrolável, sangue nos olhos e desejo insaciável de vingança. Mas a franquia God of War deu uma guinada poderosa ao transformar esse guerreiro em algo muito mais complexo: um pai. Neste artigo, vamos explorar como Kratos passou de um anti-herói violento a um dos personagens mais humanos dos videogames.
Essa transição marcou não só a evolução da história, mas também a maturidade dos games como meio de contar narrativas profundas e emocionantes.
A origem de Kratos – A fúria nascida da tragédia
A jornada de Kratos começou em 2005, quando God of War foi lançado para PlayStation 2. Na mitologia grega do jogo, Kratos é um guerreiro espartano marcado por tragédias: após vender sua alma a Ares em troca de poder, ele acaba sendo manipulado pelo deus e mata sua própria esposa e filha.
Essa culpa o consome, e sua única motivação se torna destruir os deuses do Olimpo. O Kratos dessa fase era brutal, impiedoso e movido puramente por vingança.
A transição para a mitologia nórdica – Um novo começo
Em God of War (2018), a Santa Monica Studio fez o que muitos achavam impossível: reconstruiu Kratos como personagem. Agora mais velho, vivendo em Midgard e com um filho chamado Atreus, ele tenta esconder seu passado sanguinário e ensinar ao filho valores como paciência, autocontrole e responsabilidade.
A troca da mitologia grega pela nórdica não foi só estética — foi simbólica. Kratos está em outro mundo, tentando ser outra pessoa. Mas sua natureza ainda o persegue, e essa tensão entre passado e presente é o que torna o jogo tão envolvente.
Kratos como pai e mentor de Atreus – Um elo que mudou tudo
A grande virada emocional de God of War (2018) é ver Kratos lutando para ser um pai melhor do que foi como guerreiro.
Ele não sabe demonstrar afeto, evita elogios, mas aos poucos aprende a confiar e ensinar Atreus.
Essa relação é construída com detalhes:
- Silêncios desconfortáveis durante as viagens
- Frases curtas, mas profundas (“Não seja desculpa. Seja melhor.”)
- Momentos em que ele segura a raiva para não assustar o filho
Aos poucos, vemos um Kratos mais humano, vulnerável e consciente do impacto que pode causar.
A evolução em Ragnarök – O herói que finalmente sente
Em God of War Ragnarök (2022), essa relação se aprofunda. Atreus começa a seguir seus próprios caminhos, questiona o pai e quer descobrir seu papel como Loki.
Kratos, por sua vez, passa a ouvir mais, se abrir mais e até chorar. Isso mesmo — o Deus da Guerra chora.
A narrativa mostra que o verdadeiro crescimento de Kratos não está na força, mas no autocontrole. Ele não quer mais repetir os erros do passado, e está disposto a mudar por amor ao filho.
Além disso, o jogo o coloca em situações onde ele precisa dialogar com seus inimigos, lidar com perdas e tomar decisões baseadas em empatia — algo impensável nas versões antigas da franquia.
Conclusão – Kratos é o personagem mais bem desenvolvido dos games?
A resposta pode ser subjetiva, mas é inegável: Kratos teve uma das transformações mais bem construídas da história dos games.
De um assassino cruel a um pai cheio de culpa e amor, sua jornada representa o que os jogos têm de mais poderoso: a capacidade de emocionar, ensinar e evoluir com quem joga.